sexta-feira, 21 de julho de 2017

Review Filme Okja


          Apesar de Okja ser um sucesso dentro e fora da Netflix, é um filme que causou polemica em Cannes, tudo por ser justamente uma produção distribuída por essa plataforma de streaming. O preconceito e a visão limitada da indústria do cinema é um assunto para outro post, nesse aqui falaremos como esse filme consegue nos emocionar e nos culpar ao mesmo tempo. O mais difícil é perceber o quão hipócrita somos ao sentirmos raiva dos vilões quando na vida real fazemos as mesmas coisas.
           Okja é um filme sul-coreano-americano que fala sobre a amizade de uma menina e sua porca gigante, ao mesmo tempo que querem levar sua companheira para nova York para participar de um “concurso” e depois matá-la.
             O filme tem a direção de Joon-Ho Bong dos ótimos O hospedeiro e O expresso do amanhã, esse último também com um elenco predominantemente americano, mas com alguns atores coreanos. Em Okja a língua coreana é preservada ao invés de botar os atores coreanos para falar em inglês, principalmente na figura da protagonista, o que é maravilhoso. Essa também não é a primeira vez que o diretor levanta a bandeira para uma causa social, seus filmes costumam abordar temas delicados que devem ser discutidos, mesmo que nos seus anteriores as causas sejam mais implícitas.
              O elenco conta com a Tilda Swinton como a Lucy Mirando (e sua irmã Nancy também) poderosa empresaria responsável pela matança dos animais, ela já havia trabalhado com o diretor em O expresso do amanhã e também como uma personagem excêntrica, esteve ótima nos dois, sem nunca parecer caricata (só de proposito). Tem também Jake Gyllenhaal como o insuportável Dr Johnny, outro personagem peculiar e que causa aversão. Formando o grupo dos que querem salvar os animais temos Paul Dano (sempre excelente e nunca notado), Lily Collins (boa mesmo sem fazer muita coisa) e Steven Yeun (o Glenn de The Walking Dead que está muito bem também)


              Como protagonista temos a atriz Seo-Hyeon-Ahn que apesar de não ter tido muitos papeis consegue atuar bem por conta da sua capacidade imaginativa nas cenas com Okja e também no seu controle de emocional já que não precisa fazer muitas caretas para passar o que está sentindo.
           As cenas do início onde vemos se estabelecer a amizade da menina e sua porquinha são muito bonitas. Colaborou para solidificar a fidelidade demonstrada posteriormente. O problema é quando a porca chega à cidade. A crueldade que ela passa é de partir o coração, em certa cena é mostrado que os maus tratos com os animais podem acontecer de diversas formas, não apenas no ato de mata-los para se alimentar, como por exemplo, no acasalamento para procriação e para fins comerciais, isso é um verdadeiro estupro planejado e é devastador, dentre tantas outras crueldades. O design do animal foi muito bem feito o que aumenta nossa comoção. A lagrima nos olhos da pobrezinha quando acontecem as maldades é torturante. Quem tem o coração mole para filmes sobre animais (eu) fica muito comovido.
                 Okja ao mesmo tempo que é uma lição também é um tapa na cara, ele critica a indústria alimentícia e expõe a maldade aos animais. Tudo pelo olhar de uma menina que vê a porca como sua família, enquanto o mundo a vê como um bife em um restaurante chique. Falamos tanto que amamos os animais, mas é fácil dizer isso quando nossa proteção se isola apenas aos domésticos. Essa é uma frase que sempre está na minha boca, tanto que quando vejo pessoas que falam que não gostam de animais eu logo associo isso a um trauma do passado ou algum problema com a pessoa, porém na verdade eu sou hipócrita pois digo que os amo mas não posso deixar de comer o meu hambúrguer das diversas lojas de fast food após a sessão de cinema. O filme me deu um puxão de orelha e mexeu comigo de uma forma que eu não esperava e pela repercussão nas redes sociais vejo que isso não aconteceu só comigo. É uma pena que mesmo sendo tocados por um filme como esse a hipocrisia continue existindo, contudo é essencial que filmes assim existam. 

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