sábado, 25 de fevereiro de 2017

Indicados ao Oscar: Até o ultimo homem


          Sabe os velhinhos que votam no Oscar? Eles adoram um filme de guerra e Até o ultimo homem é o filme ideal para eles já que além do patriotismo ainda temos um personagem conservador como protagonista. Em um ano com Donald Trump no poder esse filme vem na direção oposta do discurso prafrentex apresentado por Moonlight e Estrelas além do tempo.
          Desmond T Doss vai para o exercito com a missão de salvar vidas como médico, mas lá enfrenta grandes desafios graças a sua fé e sua recusa a tocar em armas.
            Quem lê a sinopse tem a impressão que Até o ultimo homem é um desses filmes B para o publico cristão e alguns momentos dele parece até pertencer a esses filmes que apenas os cristãos apreciam e consideram os melhores filmes já feitos. Como cristã (e não muito fã desses filmes) tenho muita coisa a dizer sobre essa nova produção baseada na fé do diretor Mel Gibson.
           Desmond é cristão, mas já teve seus momentos de fúria no passado, por causa de um deles ele prometeu a si mesmo que nunca manusearia uma arma novamente. Outra coisa que provocou essa “fobia” é o fato dele meditar nos mandamentos de “Não matarás” e “amaras o seu próximo como a ti mesmo”
            A primeira parte do filme mostra essa pacata vida do rapaz com sua família (e seu pai problemático) e seu jeito recatado e prestativo. É de se admirar que ele conseguisse falar com a enfermeira que ele se apaixona pela primeira vista (os clichês começaram daí) e ela logo se vê interessada nele também. E os dois são perfeitos um para o outro pois parecem partilhar da mesma fé, quando ele parte para a guerra ela até lhe dá uma bíblia
           É na guerra que sua fé é posta a prova e outro clichê que pareceu bem infantil é essa fé inabalável dele. É claro que muitos cristãos ao longo da historia já foram provados e não negaram ao seu Deus e sua crença, mas quando você está no meio da guerra vendo pessoas morrer e quase sendo morto é de se esperar que por ao menos um segundo surja um questionamento. Mas ele não vacila em sua fé. Um clichê que o diretor também fez questão de se manter firme e não se rendeu a ele foi no embate de algum momento ele precisar usar uma arma, aquele típico momento em que ou você mata ou você morre, foi interessante isso não acontecer.
              Seus colegas caçoam dele, batem nele, os seus superiores tentam tira-lo do exercito sob a acusação dele não servir aos propósitos deles, mas ele permanece firme. Sim isso soa irritante e em certos momentos até é, mas há uma simpatia em relação ao personagem. Não sentimos raiva dele por causa de suas convicções apenas aceitamos (mesmo nos irritando algumas vezes) E não o vejo como um fanático religioso. Ele não tenta converter ninguém nem mandar ninguém para o inferno. Ele vive a vida dele e é feliz em ser o que é. 


          E essa imagem do cristão como um louco é exposta no filme, mas bem argumentada pelo personagem já que tentam alegar que seu cristianismo é insanidade mental e ele mostra que eles estão errados.
         O elenco está afiado, os atores que interpretaram os soldados são bons, a família dele também, principalmente seu pai interpretado muito bem pelo Hugo Weaving. Sua esposa Dorothy interpretada bem pela Teresa Palmer e Vince Vaughn como o sargento Howell. Vince é um ator de comédia que vem se destacando como ator de drama e sua atuação aqui têm um pouco dos dois, pois mesmo quando ele grita com seu pelotão há algo engraçado no seu tom de ameaça.
          Mas é Andrew Garfiel como Desmond que brilha aqui. Seu sotaque sulista é bem ruim, mas ele convence como o rapaz recatado, há certas cenas em que sua atuação se concentra nos seus olhos e mostra como ele é bom. Mesmo não sendo o melhor trabalho dos indicados até agora (ainda acho que o Casey e o Viggo estão melhores) Andrew tem a minha torcida. Imagina que louco ele ganhando como melhor ator e sua ex Emma Stone com quem ele atuou em Amazing Spider man ganhando como melhor atriz?
           As cenas de combate na guerra são muito bem orquestradas. Sangue e sacrifício é o que Mel faz de melhor e aqui ele se supera. Até mesmo as cenas de tripas e corpos mutilados não incomodam. Pois é bem feito. Há certas estratégias de guerra utilizadas pelos soldados que nos deixam de boca aberta, como a que ele enterra seu companheiro para que o soldado japonês não o veja, ou quando um dos soldados usa o corpo morto e mutilado de um de seus companheiros como escudo. Há coisas ridículas como um chute em uma granada, mas o que prevalece são as cenas surpreendentes.
          Algumas coisas não foram tão bem executadas como algumas partes em que dava para ver que tinha uma tela verde ali. Parece que o orçamento para essa etapa já havia acabado.
        Mel Gibson é um ótimo diretor, um ator carismático, mas uma pessoa polemica. Apesar dos comentários racistas, machistas, antissemitas e os vexames do passado temos que admitir que esse filme é seu grande retorno, há muito da persona do diretor aqui. Seu conservadorismo, sua violência, seu patriotismo, sua fé, tudo isso é Mel Gibson. E mesmo fazendo algo dentro do esperado para suas convicções pessoais ele se sai extremamente bem. Provavelmente não ganhará o Oscar, mas secretamente (agora nem tanto) torço para ele só para ouvir seu discurso.
          Até O ultimo homem tem elementos de O resgate do Soldado Ryan (um dos melhores e mais cruéis filmes de guerra) e Forrest Gump mesclados há filmes religiosos só que mil vezes melhor do que eles. Há boas cenas de guerra, boa direção, roteiro, figurino, ambientação e boas atuações. A ultima cena é bem cafona e outras de combate não são nada criveis, assim como a tela verde ridicularizando algumas partes, mas no geral é um filme que deve ser visto e é um dos melhores que estão indicados. Alias esse ano está fortíssimo. Quanto ao seu protagonista, Andrew Garfield pode ter interpretado um herói da Marvel nos cinemas, mas o herói de verdade ele interpreta aqui. 

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