sexta-feira, 25 de março de 2016

Review Zootopia - Essa Cidade É O Bicho


          Está sendo uma época muito boa para nós adultos irem ao cinema ver desenhos. Já que agora a Disney unida a pixar está investindo muito mais em contar uma boa historia, com bons ensinamentos e abordagem de temas sérios e preocupantes. É claro que as crianças não conseguem captar tudo isso, elas estão lá apenas para rir e achar tudo colorido e fofo (e eles estão caprichando nisso também) enquanto nós adultos rimos, choramos, aprendemos, apontamos problemas da sociedade e no fim aplaudimos toda essa montanha russa de emoções.
          Zootopia conta a história de Judy Hoops uma coelhinha fofa (ops, não posso chama-la de fofa pois só coelhos podem chamar um ao outro de fofos) que se muda para a cidade de Zootopia para ser policial. Lá ela enfrenta vários desafios e conhece Nick Wilde uma raposa trambiqueira.
          O filme é menos emocionante do que Divertida mente por exemplo, mas a mensagem é tão importante quanto. Enquanto no filme anterior o assunto principal é a depressão, nesse o assunto em pauta é o preconceito, algo tão debatido e polemizado atualmente. A própria parte em que Judy chega na cidade e fala sobre quem pode ou não pode chama-la de fofa já é o começo da discursão. Recentemente aprendi que em um debate em grupo, tanto na escola, na faculdade, em grupos de Whatsapp, facebook e afins se o tema a ser discutido é algo que não é da sua alçada, ou seja, é algo que não condiz com a sua realidade você não pode tomar a frente para discutir. Por exemplo, eu sou uma mulher branca que apoio o feminismo, se mulheres negras feministas tiverem discutindo sobre coisas que elas sofreram eu tenho que fazer a “Gloria” e não ser capaz de opinar, até porque mesmo eu sendo mulher eu não passei pelos mesmos tipos de preconceito que elas passaram (aprendi isso inclusive com um vídeo no youtube) e isso que o diálogo do filme significou para mim. Mesmo que haja um “Pré-conceito” não cabe a mim reforça-lo. Posso apoiar a causa e defende-la, mas não opinar em algo que não vivenciei.

          Cada animal do filme é retratado da forma que enxergamos eles. Judy é policial mas deveria estar trabalhando no ramo de cenoura que é o que a família quer, eles até torcem pelo fracasso dela para que ela não venha passar por perigos na nova profissão, quantos pais não são superprotetores assim? A raposa é traiçoeira, o Leão é autoritário, o bicho preguiça é.... preguiçoso! E assim por diante. Inclusive as preguiças do filme trazem a sequência mais engraçada do filme inteiro. No filme não há mais animais “selvagens” pois todos vivem em sociedade. Porem algo está fazendo os animais voltarem a selvageria e aí entra a aventura e o clima investigativo da animação, a coelha e a raposa vão atrás dos responsáveis pelo sumiço desses animais. A nível de curiosidade Nick foi inspirado no Robin Hood da animação da Disney de 1973, onde o personagem era outra raposa esperta. Assim que botei meus olhos nele o desenho que tanto assistia na infância surgiu em minha mente.


              O roteiro é muito bem desenvolvido nessa parte investigativa da trama o que faz do filme muito mais do que um desenho com uma historinha superficial e simplória. A aventura da nova dupla pode afastar os pequeninos que procuram só risadas descomprometidas. Uma criança ao meu lado estava implorando para que a mãe deixasse ela dormir. O visual também é primoroso e rico em detalhes bem trabalhados. Principalmente nas cidades por onde Judy passa até chegar a zootopia. A trilha sonora também é boa e a música da Shakira fica na cabeça. A cantora por acaso faz a personagem Gazelle.
          Portanto não espere altas risadas durante essa animação, as vezes elas até acontecem (principalmente por parte do tigre recepcionista e das preguiças) mas isso não é a prioridade, ela fica a cargo da investigação e o mistério da animação, o que nos deixa muito mais entusiasmados do que gargalhadas sem sentido (o menino ao meu lado no cinema deve discordar) espere muitas referências divertidas, como o desenho de uma cenoura no celular de Judy ao invés da maça da Apple, um dos animais imita perfeitamente Don Corleone de O Poderoso Chefão dentre outras coisas e o mais enriquecedor é a lição de moral que complementa mais essa obra assertiva. Muitas vezes nos comportamos como as pessoas nos veem, assim achamos que devemos viver conforme fomos predestinados, sentimos que não devemos arriscar e melhorar, apenas dançamos conforme a música, contudo a letra dessa música pode estar equivocada. Somos muito mais do que pensamos e do que as pessoas esperam podemos fazer o que quisermos e a aqui a Disney reforça mais uma vez o ideal de que “sonhos podem virar realidade” talvez as pessoas te vejam como uma raposa traiçoeira e nada mais do que isso, mas por dentro você é um tigre esperando para rugir alto ou uma lebre assustada querendo apenas se encaixar. Você é o que quer ser e não o que a sociedade diz que é.  

Review Série Love


              Essa é mais uma série original da Netflix e pelo primeiro episódio achei que ela seria minha próxima Wet Hot American Summer, outra produção da Netflix que eu simplesmente detestei. Para mim a série mais decepcionante do ano passado. (link da matéria)
          Ela é basicamente sobre Mickey (Gilian Jacobs) e Gus (Paul Rust) que são totalmente diferentes e depois de saírem de relacionamentos ruins começam a reavaliar a vida e o amor

          Todos os elementos que eu gostava em uma série estavam ali. Protagonista abusada, Nerd esquisitão, muitas referências cinematográficas, humor negro e Judd Apatow (criador e roteirista da série e de filmes como Ligeiramente grávidos e O Virgem de 40 anos) e mesmo com todos esses atrativos não me senti atraída logo de inicio. Os primeiros episódios são depressivos demais (até para uma comédia de humor negro) e muito arrastados. A vida patética e desinteressante que os protagonistas levam interferem no bom andamento da série. Outro fator que incomoda bastante é a total falta de química deles.e não é por valores estéticos e tal (confesso que a falta de beleza de Paul me deixou inquieta algumas vezes) mas sim por que eles simplesmente não funcionam. É quase inadmissível que um Nerd bobo daquele jeito, desprovido de beleza alguma, com bondade exageradamente forçada e chato consiga arrumar mulheres lindas, gostosas e extrovertidas como aquelas. Tanto a protagonista Mickey quanto a atriz do estúdio onde o personagem trabalha e que ele terá um affair depois. Essa atriz que interpreta uma atriz é uma das mulheres mais bonitas que já vi atualmente. Belo rosto, voluptuosa, carismática e com um belo sorriso (nossa nem eu sabia que meu crush estava nesse nível) quando ela surge, a figura de Mickey fica totalmente apagada. Gilian também é linda, mas sua personagem é tão descolada e fria que algumas vezes irrita.


        Esta é uma série com um grande numero de coadjuvantes. Tem os amigos de Gus (que fazem reuniões onde escolhem um filme sem trilha sonora e criam uma pra ele, o que foi uma das melhores coisas da série) tem a estrela mirim que Gus dá aula (que é filha de Apatow e é aquela pequenina de Ligeiramente Grávidos) tem a roomate de Mickey, que é uma graça de coadjuvante, sempre sorridente e otimista, o oposto de sua colega raivosa e tem os colegas de trabalho de Mickey. Encher as produções de bons e cômicos coadjuvantes é marca característica de Judd Apatow e com essa série não poderia ser diferente. Outra marca dele é o sexo escrachado e tratado com naturalidade e isso também acontece muito aqui.
          Ok, eu posso ter falado mais mal do que bem da série, mas tenho que admitir que a partir do 5° episódio a série finalmente pega no tranco. Só quando a amizade do casal começa a se firmar que a série também se consolida. E ai que começam a debater os problemas do amor, dos relacionamentos e da vida adulta. A série mostra que nada na vida é simples e que a real life é complicada. Mickey começa a ceder um pouco, vai tratar seus vícios e aprende que deve valorizar as pessoas a sua volta, não pode simplesmente tratar elas de qualquer jeito pois elas têm sentimentos. Enquanto Gus que é o bonzinho começa a ter opinião própria e começa a se impor mais, em todas as áreas, inclusive no trabalho, o que o faz crescer no estúdio (mesmo dando treta depois)
Para realmente gostar de Love deve-se ter muita paciência. Desde o começo vemos sua qualidade nas atuações e na direção, o roteiro vai melhorando aos poucos e as poucas piadas vão refinando também. Claro que não há nenhuma que te faça rolar no chão de tanto rir, mas surgem uma ou outra que te arrancam sorrisos. O mais valioso da série ainda é as lições e só de poder extrair algo dela já está ótimo. Claro que não está no nível de Master Of None, mas vale o esforço e o tempo. 

quinta-feira, 17 de março de 2016

Review Série Fuller House


          Full house foi uma série exibida a partir de 1987 pela emissora ABC, fez um grande sucesso nos EUA e é lembrada até hoje, muitas vezes é citada em outras séries e seus bordões são sempre falados. Talvez os brasileiros a conheçam pelo nome dado aqui no Brasil, Três é demais. Ela era exibida no SBT no horário do almoço e também fazia sucesso por aqui. Eu por exemplo não perdia um episódio (todos repetidos) antes de ir para a escola.
          Três é demais foi uma das primeiras séries que comecei a assistir, juntamente com Blossom, Punky a levada da breca, Alf o Eteimoso e Arnold. Todas infantis e assim foi o começo da minha “americanização” rs lembro que apenas minhas amigas as assistiam também, as outras crianças e adolescentes que eu conhecia não. Sempre gostei desses formatos, tão diferente das novelas.
A série tem uma premissa muito simples, é apenas uma grande família diferente que se amam e moram juntos. Jesse e Joey vão morar com Danny para ajudá-lo a criar as três filhas depois da morte de sua esposa. Essa família disfuncional, mas que funcionava era o que eu mais gostava em full house, eles não eram uma família comum de pai, mãe e filho e eu me identificava bastante com isso pois minha família também era diferente e não era “normal” como as outras. Vê-los tão felizes me mostrava que não tinha porque me sentir triste por não ter a família que meus amigos tinham.
O elenco original era formado por Jesse (John Stamos) DJ Tanner (Candace Cameron) Danny Tanner (Bob Saget) Stephanie Tanner (Jodie Sweetie) Joey (David Coulier) Michelle Tanner (Mary Kate Olsen e Ashley Olsen) Rebecca (Lori Loughlin) e Kimmy Gibbler (Andrea Barber) entre outros coadjuvantes.
Talvez você olhe essa lista acima e não reconheça nenhum nome. Realmente eles não fizeram nada de relevante durante esses anos. John Stamos continua um galã e faz algumas séries, Bob Saget foi o narrador de How I Met Your Mother durante toda a série, David é comediante de Stand up e faz muitos shows mas nada na tv e no cinema, Mary Kate e Ashley são gêmeas muito conhecidas até hoje mas só estão no mundo da moda atualmente. As meninas (e hoje mulheres) da série não fizeram nada de interessante e não tiveram muitos trabalhos, sobreviveram com participações em filmes ruins e reality shows como Dancing With Stars (Candice faz até piadinha sobre isso em Fuller House) então para sobreviver o jeito foi voltar com o maior (e para alguns único) sucesso da vida deles, só que agora pela Netflix e com o nome Fuller House.

          A história se repete aqui. DJ perde o marido bombeiro em um acidente de trabalho e se vê tendo que criar dois filhos sozinha, para isso tem a ajuda de sua irmã Stephanie e sua melhor amiga Kimmy. Parece que o fato do relacionamento dela com Steve (seu namoradinho de escola) não ter dado certo foi proposital para que a série começasse de algum lugar. Nessa ele volta e compete com um colega de trabalho de DJ pelo coração da moça.


Full House nunca foi conhecida por ter um roteiro extremamente inteligente e com piadas afiadas. A proposta sempre foi simples e se baseava apenas no cotidiano e no dia a dia. Mas mesmo não sendo perspicaz como Friends por exemplo ela fazia rir e divertia muito. A leveza dela era semelhante a Chaves, só não fazia a crítica social que Roberto Bolãnos fazia. Ela era mais despreocupada e não se levava a sério. Mesmo que em alguns episódios eles mostravam problemas da infância e da adolescência como Bullyng, bebida, namoro e etc... mas tudo era tratado sutilmente. Fuller House traz toda essa essência também. Ela é leve e divertida. Não há muitos momentos extremamente engraçados, a graça continua apoiada nos personagens infantis que roubam a cena. Na antiga tínhamos Michelle e agora temos Max, um garotinho com um maduro “time” de comédia e o alivio mais cômico de todos. E assim como Michelle ele também tem seu bordão, o “e ai cara?” é substituído pelo “santo pirulitinho” (tão fofo). Certas vezes ele parecia uma mistura dela com Stephanie (nas primeiras temporadas), que também era muito engraçada e tinha seu famoso bordão: “Que grosseria”
As outras crianças novas também são talentosas, mas não tão brilhantes como Max. As vezes a menina Ramona chega a ser irritante. Ela é filha de Kimmy e fizeram uma personagem tão chata quanto. Tal mãe, tal filha. Kimmy aparecia de vez em quando na série original e era muito melhor assim, ela em todas as cenas é meio entediante e sem graça, salve algumas poucas cenas. O ator latino que faz seu marido Fernando se saiu muito melhor do que ela e roubou sua cena.
          Fuller House é uma série deliciosa para se assistir. Não é perfeita mas diverte, principalmente os fãs da série original. Tem ótimos momentos musicais e bons momentos de auto zoação. Na verdade, as melhores falas são aquelas em que eles falam mal das gêmeas e uns dos outros. Pena que o elenco original só aparece em alguns episódios. Já tem uma segunda temporada encomendada (apesar das críticas ruins), a falta de originalidade pode incomodar alguns, mas para outros (como eu) que só querem sentir a nostalgia ela é ideal.

Max <3

ps: escrevi esse review ouvindo a música de abertura maravilhosa:  


Clássico do dia: O Silêncio dos Inocentes


      De tempos em tempos a rede de cinema Cinemark faz sessão de clássicos nos seus cinemas. Já assisti (ou seria reassisti?) Grease – Nos tempos da brilhantina e De Volta para o futuro. Filmes que marcaram minha infância e adolescência. Adoro um clássico e por isso sempre estou de olho nos filmes que eles estão exibindo.
      O ultimo que eu assisti foi esse que vos resenho. E ele estava na minha lista de “clássicos para assistir” há séculos, mas eu nunca tinha visto. Silence of the Lambs que na sua tradução literal seria Silêncio dos cordeiros, eu sei, seria um péssimo titulo, digno de filme infantil ruim, mas quando se assiste ao filme ele faz todo sentido até porque tem conexão com um dos diálogos entre Hannibal e Clarice Starling.
      O filme é sobre Clarice (Jodie Foster) que é uma jovem agente do FBI escalada para entrevistar Hannibal Lecter (Anthony Hopkins) um dos maiores criminosos que está na prisão perpetua. A inteligência dele a guiará para que encontre um assassino de mulheres que sequestrou a filha da senadora.
      Clarice num primeiro momento parece ser uma mulher esforçada e dedicada ao seu trabalho. Quer ser respeitada em meio há uma carreira dominada pelos homens. Mas ao mesmo tempo parece uma menina frágil e apavorada. Isso se dá graças aos traços de Jodie Foster, a própria atriz é um misto de segurança com insegurança. De forte e frágil. Mesmo tendo interpretado varias personagens fortes durante sua carreira. Podemos dizer que Clarice vai se fortalecendo com o decorrer do filme e aos poucos vai deixando de temer Hannibal para então admira-lo. Jodie começou sua carreira muito cedo e desde nova mostra um grande talento. Além de ter conquistado vários fãs. Um deles chamado John Hincley Jr que tentou assassinar o até então presidente dos EUA Ronald Reagan para impressionar a atriz a quem ele já perseguia a tempos. Ele se matriculou em Yale (onde Jodie também estudava) para ficar perto dela e toda essa paixão começou quando ele a assistiu em Taxi Driver. Não é só no filme que ela teve que lidar com um psicopata.
           Anthony Hopkins (o pai do Thor) é uma aberração da natureza no quesito atuação. Ele também teve uma atuação discreta porem intercalava com momentos de pura insanidade. A forma como ele fala, caminha e estuda as pessoas é como um animal espreitando sua presa. O som que ele emite em alguns momentos é aterrorizante. Seu olhar é de um vazio infinito, quase como se o próprio ator tivesse encarnado tão bem o canibal que anulou todos seus sentimentos. E mesmo com toda a frieza é perceptível a afinidade que ele tem com Clarice desde o primeiro momento. Eu ainda não li os livros e por isso não sou familiarizada com os personagens e como disse antes ainda não tinha assistido a esse filme. Mesmo que tivesse passado um milhão de vezes no SBT. Então meu primeiro contato com Hannibal foi com a série atual de mesmo nome. (série essa que até hoje não entendemos o cancelamento) e a “amizade” de Lecter com Clarice me lembrou muito a dele com o Will da série. Aquele relacionamento super sadio do tipo: “eu mato todo mundo, menos você!” e essa é a maior declaração de amor que possa vim de um assassino canibal tão cruel.


        Já que estamos falando da série não posso deixar de comparar os “hannibals” Mads Mikkelsen era um Lecter mais galante e sedutor enquanto o de Hopkins não está interessado em galanteios. Will era visto pelo de Mads como um amigo/amante e Clarice é vista pelo de Hopkins como uma amiga/filha. Ambos utilizam suas habilidades como psiquiatra para entrar na mente das pessoas e retirar o melhor e o pior delas. (voltando ao filme...) É assustador quando Hannibal traça um perfil psicológico da protagonista e começa a adivinhar seu passado. Entrar na mente das pessoas é seu maior poder e ele utiliza muito bem isso. Ele sempre está um passo a frente. Quando achamos que enfim ele foi capturado e tudo está bem ele mostra ser muito superior a qualquer plano que possa ser executado contra ele. A série enfatizava muito isso e o filme trouxe essa proposta em uma das melhores cenas do longa e do cinema. A cena em que ele escapa é de tirar o fôlego.
          Mas não são só os protagonistas que se saíram bem, o ator Ted Levine que interpreta o serial killer Buffalo Bill também está ótimo. Ele é um cara que queria ser uma mulher, mas ao invés de optar por cirurgia ele optou por métodos mais assustadores. Sua convicção o fazia tão perverso quanto Hannibal. Por isso foi fácil para ele o localizar.
        Um dos maiores méritos do filme é sua direção e roteiro. Esse ultimo foi adaptado do livro de Thomas Harris. O diretor é Jonathan Demme que não teve muitos filmes significativos depois, mas poderia ter zerado a vida com esse. A forma como ele enquadra o rosto de seus personagens é incrível. Ele deveria saber os grandes atores que tinha e por isso não tinha medo de focar em seus rostos e extrair o melhor deles. A técnica do personagem que emerge das sombras também é muito bem empregada. Aumentando a tensão de cada cena.
        O silencio dos inocentes venceu nas categorias principais do Oscar. Melhor filme (um marco vencer sendo um filme de serial killer) melhor diretor, melhor ator, melhor atriz e melhor roteiro adaptado. Deveria ter vencido nas categorias de Som também. Esse longa é uma verdadeira aula de cinema e me sinto feliz por ter deixado para assisti-lo só no cinema. 

terça-feira, 8 de março de 2016

Personagens femininas que eu queria ter como... #DiaDaMulher

Hoje é dia internacional da mulher e infelizmente não temos muito que comemorar. As mudanças estão acontecendo lentamente e é inadmissível que em pleno 2016 ainda tenhamos que usar esse dia para protestar e não para comemorar, mas isso é assunto para outro post, vamos aproveitar esse dia para admirar personagens femininas tão amadas (principalmente por mim hehe) gosto tanto delas que as queria como:


Irmã: Elisabeth Bennet – Orgulho e preconceito


Personagem principal do livro Orgulho e preconceito, Lizzie é uma ótima irmã. Protetora, guardiã e conselheira, principalmente com Jane que não tem opinião forte como a dela. Além de ser uma irmã e filha maravilhosa é uma personagem a frente do seu tempo. Batia o pé para as ordens da mãe e da sociedade. Optou por casar por amor em uma época em que o dinheiro falava mais alto (acho que estamos voltando a esses tempos) e no final conquistou Mr Darcy <3

Cunhada: Kit Kat – Questão de Tempo


Até o nome dela é doce! Lydia Wilson interpretou em About Time uma menina excêntrica, maluquinha e muito carinhosa. Totalmente extrovertida e engraçada, o oposto do irmão, que apesar de fofo é tímido e reservado. Adoraria ter uma cunhada como ela, que não pode te ver que te enche de beijos. Sou apaixonada por essa personagem desde que vi o filme pela primeira vez.

Amiga: Sam – As vantagens de ser invisível


Eu sei que o cinema é recheado de boas amigas e filmes sobre amizade são feitos o tempo todo. Temos Amigas para sempre, O casamento de Muriel, Thelma e Louise entre outros, mas seria difícil escolher apenas uma amiga das duplas para querermos que fosse nossa Best então escolhi uma personagem incrível que eu queria muito que fosse minha amiga. Ela é a Sam, personagem da Emma Watson em As Vantagens de ser Invisível, além de ser um ótimo filme ele trás bons ensinamentos sobre amizade e como devemos ser inclusivos. Sam era melhor amiga do meio irmão e de Charlie e apesar de seus problemas pessoais ela era otimista e sorridente. Sempre feliz e animada, quem não quer uma amiga como essa?

Mãe: Joy – O quarto de Jack


Essa categoria é como a de cima. São muitas opções para uma só escolha mas ultimamente a super mãe que não sai da minha cabeça é Joy, personagem da vencedora do Oscar desse ano, Brie Larson. O cinema já retratou muitos tipos de mães sofredoras, mas o caso dela é tão real e ao mesmo tempo assustador. Você conseguiria criar e amar um filho que foi fruto de um estupro e um encarceramento? Poucas mães podem fazer isso e ela o amou cada segundo. Por isso não tem como ser outra. 

Filha: Gertie Trinké – Menina dos olhos


Esse filme pode até ser considerado ruim por alguns, mas eu gosto bastante. É aquele tipo de filme para se assistir num dia calmo de chuva, pode até provocar lagrimas em algumas partes, mas é muito engraçado e fofo, graças à atuação de Raquel Castro como Gertie, ela é uma graçinha e apesar da pouca idade ela tem muita personalidade e bom gosto. É uma criança inteligente que prefere assistir Dirty dancing a desenhos chatos e que encenou Sweeney Todd na escola ao invés de Cats como todas as outras crianças. Vejo sempre que passa e todas as vezes suspiro por ela.

Me diz quais seriam suas escolhas para as categorias acima e um feliz dia internacional da mulher para todas nós.

quinta-feira, 3 de março de 2016

A Questão Racial Do Oscar


          Parecia que foi coisa divina terem escolhido o Chris Rock para apresentador do Oscar tendo em vista os boicotes que Jada, Will Smith e Spike Lee estavam promovendo semanas depois de sua escolha. Chris, como negro, estava sendo pressionado para boicota-lo também e ainda bem que não o fez. Apresentar o Oscar seria a oportunidade perfeita para falar sobre a falta de oportunidade dos negros em Hollywood e claro para alfinetar os produtores de cinema que impedem que essas oportunidades aconteçam. Seu discurso foi cheio de critica e bom humor e ele falou muitas coisas coerentes como na parte que ele diz:
  “A grande questão é: por que estamos protestando? Por que nesse Oscar? É a 88ª edição do prêmio. Quer dizer que essa coisa toda de não indicarem negros aconteceu pelo menos outras 71 vezes. Você imagina que poderia ter acontecido nos anos 50, nos 60... e tenho certeza de que não houve indicações. Sabe por quê? Porque nós tínhamos coisas de verdade para protestar contra naquela época. Estávamos ocupados demais sendo estuprados e linchados para se importar com quem venceu melhor direção de fotografia. Quando a sua avó está enforcada em uma árvore, é realmente difícil pensar em quem venceu o melhor curta-metragem de documentário estrangeiro.”
          Concordo plenamente com ele. Existem sim muito mais coisas importantes para nos preocupar do que quem ganhou tal premio em determinada premiação. Os negros já passaram por tantas coisas ao longo da historia. Segregação racial, a apartheid na África do Sul em 1948, as diferenças salariais que até hoje predominam e etc...
Para se ter noção a primeira atriz negra da historia a ganhar o Oscar foi Hattie McDaniel que interpretava uma empregada doméstica no filme E O Vento Levou... Sua atuação foi digna do premio e sim foi uma vitória ela ter sido reconhecida numa época de forte segregação nos Eua, mas ao descer do palco ela voltou para sua mesa numa área separada, exclusivamente para negros, perto da cozinha (fonte: Uol) ela foi agraciada por seu talento merecidamente? Sim mas na hora em que seu momento de gloria acabou ela voltou para o seu lugar no teatro e na sociedade também. E ela não ficou triste por isso, pois disse que se não estivesse interpretando uma empregada ela seria uma. Olha o tamanho da verdade nisso. Na maioria das novelas e dos filmes quem interpretam os serviçais sempre são atores negros e na vida real a dificuldade do negro de conseguir trabalho e boa educação são gritantes. Por isso filhos de pessoas negras tem mais dificuldade de ingressar no ensino superior tendo que optar pelo regime de cotas que apesar de ajudar também é separatista e discriminatório. O que nos leva a uma parte do discurso que eu tentei encarar como piada (assim como todo mundo encarou), mas vi muita seriedade no sarcasmo do apresentador quando ele disse:
“Você quer indicados negros todo ano? Você só precisa ter categorias para negros. Vocês já têm para homens e mulheres... Pense bem, não faz sentido ter uma categoria para homem e outra para mulher em atuação. Não tem por quê! Robert De Niro nunca pensou: 'Vou aliviar um pouco nessa interpretação para que a Meryl Streep me alcance'. Não, de jeito nenhum!”
          Eu realmente quero encarar isso como piada. Sim há uma critica ao sexismo ai, mas acredito que deve haver sim uma separação entre categorias femininas e masculinas, até porque se os negros já são difíceis de serem indicados imagina as mulheres... e negras ainda por cima? Ia ser mais uma luta a ser travada já que aqueles que votam são em sua maioria homens, brancos e acima dos 60 anos. Sendo que a presidente da academia Cheryl Booner, é negra e pretende mudar esse quadro e colocar as minorias na mesa de votação, a própria ficou desapontada com a falta de negros indicados nesses últimos dois oscars.

Viola Davis quando questionada sobre sua posição a respeito do boicote ela disse: “O problema não é o Oscar, o problema está no sistema de se fazer filme em Hollywood” ela ressaltou que deveria haver uma preocupação de quantos filmes de negros estão sendo produzidos anualmente e como estão sendo distribuídos. Ela foi a primeira atriz negra a ganhar o premio de melhor atriz no Emmy e em seu discurso disse: “Deixem-me dizer uma coisa: a única coisa que separa as mulheres de cor de qualquer outra pessoa é a oportunidade. Você não pode ganhar um Emmy por papéis que simplesmente não existem”


          Quantos filmes com protagonistas negros estão sendo escritos? Quantas séries? E quantos livros? O problema não é o Oscar é toda a sociedade. Quantos pares em comédias românticas são pessoas negras? Quantos heróis negros têm? Quantas princesas da Disney são negras? (Só uma). Pode até haver alguns, mas a maioria esmagadora são de brancos. É isso que Viola Davis quis dizer. Ela nunca interpretaria Annalise Keating se Shonda Rhimes (produtora negra) não a criasse, assim como ela também criou a Olivia Pope de Scandal. Viola já havia sido indicada ao Oscar por The Help e ganhou por sua personagem incrível nessa série. E a série em si critica bastante o preconceito que as pessoas tem pelos negros na sociedade e inova ao colocar quatro negros no elenco principal. Nenhuma atriz negra ganhou o Oscar na categoria de melhor atriz, mas duas que ganharam de coadjuvante, Lupita Nyong’o e Octavia Spencer, ganharam por papeis estereotipados, uma era escrava e a outra empregada.
Outra parte interessante do monologo foi quando ele disse...
O que quero dizer é que não se trata de boicotar as coisas. O que a gente quer é oportunidade. Queremos que atores negros tenham as mesmas oportunidades. E só. Não só de vez em quando. LEO consegue um grande papel todo ano. Todos vocês conseguem grandes papéis o tempo todo. E os negros?”
E isso complementa bem o que eu estava querendo dizer ali em cima. Tem de haver oportunidade. Muitas partes do discurso foram muito bem colocadas, mas mesmo assim percebemos que ele estava cheio de dedos ao falar, estava tentando apaziguar as coisas, botar panos quentes e isso a gente já sabia que iria acontecer, pois a academia não iria deixar que falassem mal da academia. Só não foi legal ele atacar diretamente sua companheira de Madagascar Jada e Will quando eles estão do mesmo lado e procuram pelas mesmas oportunidades mesmo ela sendo da TV e ele ganhando milhões. Isso não interessa. Mas as provocações não ficaram só no monologo, durante toda a premiação houve diversos vídeos bem humorados que criticavam  a exclusão dos negros. Bem coerente ele ressaltar que o governo gastaria milhões para resgatar Matt Damon de Marte, mas se fosse ele eles fingiram que nem estavam ouvindo. Teve até entrevista com telespectadores. Essas foram as melhores coisas tirando a parte das crianças asiáticas. 


          E como ele disse as mudanças já estão acontecendo ele citou o “Rocky negro” Creed que foi um ótimo filme sobre um ótimo personagem negro (merecia uma indicação ao Oscar, mas tudo bem...) pena que ele apenas o comparou com ironia há Star Wars e não citou o trunfo do novo filme que foi colocar um ator negro como um dos protagonistas juntamente com uma mulher e um latino. Três minorias que não representam os votantes do Oscar, juntos em um filme clássico de ficção cientifica.
          O Monologo do Chris Rock foi importante sim e teve grandes momentos, como ele disse estamos melhorando aos poucos essa questão racial, os negros venceram algumas lutas no cinema esse ano, dentro de um ringue, dentro de uma nave espacial, dentro de um tribunal e em algumas premiações, mas Hollywood continua racista e continua xenofóbica, mesmo que o apresentador tenha amenizado as coisas. Ele poderia ter proposto soluções para o problema e não atacar seus colegas negros, ele deveria apontar mais culpados e mostrar mais o seu lado do jeito que ele fazia na série Todo mundo odeia o Chris onde ele usava da comédia para ironizar a forma que a sociedade via os negros. Mas havia medo ali, ele não poderia ser aquele roteirista sarcástico do cotidiano. E parecia que a audiência negra já sabia disso, pois nos EUA só 9,4% deles assistiram a premiação, eles realmente boicotaram, fazendo com que esse Oscar tivesse a menor audiência dos últimos 8 anos. Porem a mensagem era para os brancos, que eles se conscientizem que deem mais oportunidade para as minorias, que deem um lugar para eles no meio dos votantes da academia, que parem de dar-lhes papeis apenas de serviçais ou escravos, que parem de achar que as negras são sempre escandalosas, que os latinos são burros e apenas cômicos, que parem de perguntar para as mulheres “o que você está vestindo?” nas premiações elas estão lindas independente do estilista e que perguntem mais a elas. Precisamos de mudanças na academia cinematográfica sim mas para isso essa mudança tem que começar pelas pessoas.


O Oscarizado Leonardo DiCaprio e Meus Filmes Preferidos Dele

Não sei quando exatamente começou os memes do Dicaprio só sei que a muito tempo ele vem se esforçando para ser reconhecido pela academia. A implicância dos que votam era evidente dada suas grandes atuações. Até houve uma época em que seu maior mérito era sua beleza e ele atuou em filmes que não o ajudavam a desvencilhar-se disso como Romeu e Julieta, A Praia e Titanic. Porém até nesses filmes podíamos notar seu talento que foi crescendo cada vez mais e o fator da idade também contribuiu para seu amadurecimento como ator. Além de ator Leo é produtor e filantropo, ele é um ativista da defesa do meio ambiente, inclusive já fez documentário sobre a causa e parte de seu próprio discurso do Oscar foi em defesa do aquecimento global e da causa ambiental. Leo foi indicado ao Oscar cinco vezes e venceu domingo por O Regresso, sua penúltima indicação foi pelo filme O Lobo de Wall Street que muita gente acha que vários aspectos da vida do personagem é parecido com a do ator, pois ele também tem uma vida agitada, é muito namorador (inclusive só namora modelos, uma delas Gisele Bundchen) e adora uma farra assim como seu personagem....
Sempre fui uma grande admiradora do trabalho (e da beleza também) de Leonardo Dicaprio (tive até comunidade no Orkut para ele, sim, eu disse isso) e aqui estão meus filmes preferidos dele:


Gilbert Grape – aprendiz de sonhador


Filme dirigido por Lasse Hallstrom que apresenta Gilbert Grape (Johnny Depp) um jovem que mora numa cidade do interior e sustenta sua família disfuncional desde a morte do pai. Nesse filme Leo interpreta Arnie Grape, irmão mais novo de Gilbert que possui autismo. Confesso que comprei esse filme por causa de Depp, de quem sou muito fã, mas quem impressiona mesmo nele é Dicaprio. Ele interpreta tão perfeitamente uma criança com autismo que você se pergunta se ele está só atuando ou se ele realmente tem. Ele é uma criança bastante hiperativa e sabe ser carinhoso em seus momentos mais calmos. Seu personagem aprontou muito durante o filme e deu muita dor de cabeça para o irmão que apesar de ser o mais compreensivo da família com ele tinha seus momentos de nervosismo. Tem uma cena em que Depp tem que bater nele e ele odiou tanto faze-la que ficou se desculpando com Leo durante toda a gravação. Eles ficaram muito amigos e Leo enchia o saco de Johnny, que estava passando por uma fase difícil. Gosto muito desse filme, apesar da simplicidade ele é muito bonito. Ele foi indicado pela primeira vez ao Oscar por esse filme.


Gangues de Nova York


O filme é dirigido pelo gênio e parceiro de Dicaprio, Martin Scorsese, com quem já trabalhou diversas vezes. Trata sobre a rixa entre duas gangues rivais na cidade de Nova York, uma comandada por Bill (Daniel Day-Lewis) e outra por Amsterdam Vallion (Leo) o filme trás muita critica social e a questão do preconceito contra imigrantes, além de integrar fatos históricos sobre os motins de Nova York em 1863. É um filme bem dirigido e estrelado. Só há grandes atuações, até Cameron Diaz está ótima e Leo nem se fala.

Titanic



Você conhece Titanic, não preciso botar sinopse aqui. Ele é dirigido por James Cameron e estrelado pelo casal (que dura até hoje nos nossos corações) Leonardo Dicaprio e Kate Winslet. Esse foi meu primeiro contato com o ator e ele foi uma das minhas primeiras paixões platônicas. Acho que meninas da minha faixa etária se disserem que não tiveram “crush” por ele nessa época estão mentindo. Ele não estava fenomenal como Jack dawson, mas fazia um sujeito tão carismático e apaixonante que somos capazes de deixar as analises criticas de lado e nos deixamos suspirar por ele. Vejo esse filme todas as vezes que passa na TV e inclusive vi no cinema quando o relançaram em 3D no aniversário do filme. Com cenas icônicas, frases marcantes e a musica de Celine Dion, Titanic marcou o cinema e todo nosso imaginário, sendo até hoje uma das maiores bilheterias da história.

Os infiltrados


Outro filme da parceria dele com Scorsese, Em Os infiltrados Frank costello (Jack Nicholson) envia seu pupilo Colin sullivan (Matt Damon) para dentro da policia e a policia infiltra Billy (DiCaprio) na máfia irlandesa. É um excelente filme que venceu quatro categorias no Oscar sendo melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro adaptado e melhor edição. Leo não foi indicado, mas estava brilhante como o “rato” esquentadinho e brigão. Adoro a cena de introdução do filme quando toca o tema musical com a batida pesada e eletrizante. Mais ou menos como tropa de elite. Teve uma tremenda aclamação da critica especializada e deu o Oscar que tanto Martin Scorsese sonhava.

Diário de um adolescente


Esse é um filme adaptado de um livro que conta a historia de um adolescente que tem um grande futuro no time de basquete da sua escola, mas começa a se envolver com drogas e varias coisas erradas. Leo era muito novinho quando fez esse filme e mostrou uma grande versatilidade, tinha interpretado antes Arnie e agora esse “menino problema” o filme trás uma triste realidade em que muitos jovens são envolvidos. Seu personagem tinha um futuro brilhante pela frente, mas a necessidade das drogas atrapalharam tudo, ele chegou ao ponto de cometer crime e se prostituir para arruma-las. Leo está ótimo nesse filme e apesar dele ser um filme tenso o final é feliz.

Ainda tem vários filmes dele que eu gosto muito. Tem O lobo de Wall Street, Diamante de Sangue e etc... mas a lista ficaria muito longa e eu não tenho culpa se a maioria dos seus filmes são bons hehe