sábado, 29 de novembro de 2014

O Adeus ao gênio Roberto Bolaños....



       Chaves, chapolin, chespirito e tantos outros personagens de Roberto Bolaños fizeram parte da minha e da sua infância. Especialmente Chapolin o anti herói mais conhecido como polegar vermelho e chaves, no México chamado El chavo del ocho, o menino pobre que supostamente morava em um barril.
       O gênio por trás desses personagens tão bem construídos, interpretados e dirigidos foi Roberto bolaños, que infelizmente faleceu na tarde de ontem (28/11/2014) Sei que um dia teria que acontecer mas é difícil dizer Adeus há alguém tão presente na infância de muitos.
Tenho um carinho muito grande por Roberto, porque como não poderia ser diferente também cresci assistindo, rindo e imitando seus personagens. Minha história com Chapolin e Chaves começou muito cedo. Segundo meu avô assim que comecei a aprender a formar palavras e formar frases uma das frases que mais estiveram presentes nos meus lábios eram: “Não contavam com minha astúcia” na minha versão quando bebe era: “não contavam com minha tuta” rs falava isso 30 vezes por dia e acompanhado de um pulinho igualmente ao meu herói de infância. Por conta disso meu avô me deu a notícia de sua morte com tanta delicadeza.
       Notícias falsas sobre a morte dele surgiam todo ano, por isso não acreditei de imediato mas dessa vez era verdade e tive a confirmação coincidentemente enquanto assistia Chaves no sbt. E até agora está sendo difícil de assimilar.
Roberto já estava muito doente. Fazia anos que não aparecia e não trabalhava mas os episódios eram repetidos várias e várias vezes há 30 anos na tv brasileira. E mesmo que fossem os mesmos episódios e as mesmas piadas o público não deixava de assistir. Chaves foi o carro chefe do sbt por anos por tamanha popularidade desse programa.
É difícil um programa ter tanta popularidade e por tantos anos depois de seu cancelamento, mas esse era o caso porque dava para nos identificar com os personagens e rir deles. Quem nunca conheceu alguém que pudesse ser comparado com os personagens tão queridos da vila? Eu mesma por exemplo tenho um chaves, um Quico, uma Chiquinha, um seu madruga, uma dona Florinda e um professor girafales entre família/amigos e vizinhos. E quem nunca chamou aquele amigo gordo de ñoño? (Eu jurava que se escrevia nhonho)



       O legado da cultura pop que Roberto nos deixou é imensurável. As frases, os trejeitos, as musiquinhas, as roupas (toda festa a fantasia tem um personagem da vila ou um Chapolin), tudo.... Quem nunca disse: foi sem querer querendo! Ou “você não vai com a minha cara?” e eu pessoalmente vou mais longe porque toda vez que alguém quer falar algo pra mim e não consegue lembrar da palavra eu solto essa: “o gato ou o Quico?” e a maioria das pessoas não entendem porque eu disse isso mas simplesmente riem porque se lembram do tribunal do chaves. Aposto que você já ficou na porta da sua sala na escola e quando o professor estava chegando dizia correndo: “já chegou o disco voador” ou se não “venha tesouro não se misture com essa gentalha” em determinada ocasião. Além das frases existiam as piadinhas e os aprendizados que você tirava sem perceber. Com chaves você aprendeu a desenhar um porquinho, um xadrez para principiantes, uma xilofompila e fazer poemas (vide o cão arrependido) aprendeu sobre história, geografia, inglês e até biologia. Você sabia que os sapinhos fazem realmente HUM, HÁ, HUM? É algo ligado ao sistema respiratório deles ou algo do tipo, um professor de biologia nos disse um vez. Além de outras coisas como o fato do Quico ter o complexo de Édipo. Ele se veste como o falecido pai (que era marinheiro e descanse em pança) mas não para imita-lo. Ele quer ser como o pai para poder encontrar uma mulher como a mãe dele, dona Florinda, por quem ele tem uma admiração muito maior do que a que tem pelo pai. Isso faz todo sentido quando você descobre que Carlos villagrán (Quico) namorou dona Florinda antes dela se casar com chaves. Outra curiosidade: sabe porque o cabelo da Chiquinha não fica igual de um lado e de outro? Uma maria Chiquinha fica em cima e a outra em baixo. Isso ocorre porque ela é filha de um homem viúvo e homens que criam suas filhas sozinhos supostamente não sabem pentear elas direito. Essas são algumas das coisas simples e imperceptíveis mas que não estavam ali por acaso, tinham um proposito na cabeça de seu criador.
       Roberto escrevia, atuava e dirigia em seus programas e sua genialidade era tanta que seu apelido Chespirito era uma comparação com Shakespeare. Tudo que ele fazia era minimamente orquestrado para que fosse tão divertido e especial do jeito que era e olha que a formula era bastante simples. Eram adultos interpretando crianças e se importavam exatamente como tais, sem acrescentar elementos alegóricos como hollywood faz que tornam personagens infantis tão artificiais e incomuns. 

Roberto e sua relação com o cinema



       Bolaños tinha uma noção extraordinária de cinema. Prova disso era o ícone pelo qual ele se inspirava para compor seus personagens: Charles Chaplin. Um dos maiores comediantes que já existiu e que foi o pioneiro na arte de fazer rir. Até fisicamente os dois eram parecidos. Eram baixinhos e roberto o imitava no andar ao curvar as pernas. Só faltou lhe o bigodinho e a bengala. Porque o chapéu estava lá, só que de formatos e cores diferentes. A série chapolin era aquela velha imitação do herói americano (só que mexicano) e com características de anti herói. Ele não era corajoso como o superman. Ele corria dos bandidos, se encolhia com as pílulas, se escondia deles e ainda sempre esbarrava em algo ao dizer: “sigam-me os bons” ele era medroso porem carismático e de uma forma ou de outra ele sempre salvava o dia. O programa chapolin sempre tinha uma referência cinematográfica, uma das mais fortes foi ele fazendo a celebre cena de cantando na chuva. Só que dublando e dançando de forma bem inferior há Gene kelly, mas tudo bem....

O mito Eterno....

       É muito difícil você ser fã de alguém e imita-lo ao ponto de alcançar seu patamar mas isso aconteceu com Roberto Gómez bolaños. Ele foi tão genial quanto Charles Chaplin e assim como seu ídolo ele introduziu várias críticas sociais em seu trabalho. Um trabalho simples, ingênuo e puro que não apelava para palavrões, baixarias, mulher pelada e piadinhas de duplo sentido. Ele foi autentico e encantou milhares de gerações pela América latina. Meus pais assistiram chaves, eu assisti chaves e com certeza meus filhos assistirão chaves...porque mesmo que ele não esteja no ar daqui a 30 anos ele terá sempre um lugarzinho especial na minha estante, na minha mente e no meu coração. 


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